O setor de alimentos e bebidas foi o que mais cresceu no e-commerce durante a pandemia e dá indícios que continuará crescendo. É por isso que você deve prestar atenção no que vem por aí.
O termo e-grocery é a junção da palavra mercearia com o prefixo “e-” de eletrônico, ambos originais do idioma inglês. Apesar de ainda ser desconhecido para muitas pessoas, o termo compõe o dia a dia de quem compra itens de supermercado sem sair de casa.
Se o e-commerce fosse igual a uma caixa registradora, é seguro dizer que, daqui em diante, um dos itens que mais passarão por essa bancada é a categoria da alimentação. Em suma, os consumidores têm incluído cada vez mais esses produtos em suas sacolas virtuais.
O aumento dessa demanda já acontece há algum tempo, com crescimento anual rondando a casa dos 38% em 2018. A pandemia do novo coronavírus, contudo, alterou de forma sólida o comportamento do consumidor brasileiro na internet. É um caminho sem volta!
Desde então, a venda online de alimentos e bebidas teve alta de 339% em maio de 2020, se comparado ao mesmo período de 2019, segundo a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm).
O impacto no e-grocery virou notícia. Em reportagem, o G1 publicou que as vendas online de supermercados quase dobraram com a pandemia. Com base nos dados da consultoria Ebit/Nielsen, registrou-se alta de 96% - elevando de 4% para 7% a participação dos mercados no setor.
Os números revelam o tamanho do e-grocery em tempos pandêmicos. Conforme o levantamento sobre Covid feito pela Ipsos/Google, houve um aumento de 508% nas pesquisas por entrega de supermercado ou compra de itens domésticos online.
Conforme a pesquisa da Ebit/Nielsen publicada pelo G1, os itens da cesta básica (como arroz, feijão e açúcar, por exemplo) lideram o aumento das compras pela internet, com alta de 165%. Veja a lista completa:
O interesse das pessoas em comprar produtos de mercado pela internet está cada vez mais evidente e comprovado nos números.
No Mercado Livre, em 2021, itens de supermercado como leite condensado e cerveja estiveram entre os mais consumidos, assim como itens de produtos mês a mês, como bolachas de chocolate, azeite e café moído.
A gigante chinesa Shopee, em grande expansão no Brasil, é outro marketplace no qual itens de supermercado estiveram no top 10, divulgado na retrospectiva Shopee 2021. Entre eles, sabão em pó (2º lugar), cápsula de café (3º) e desodorante (6º).
Com tanta demanda para atender, as preocupações recaem sobre a disponibilidade e o frescor dos produtos, além da logística para levá-los até as residências. Afinal, é preciso lidar com todo o processo de compra, desde a seleção dos itens até a entrega.
Outra dificuldade envolve os diferentes departamentos que existem dentro do supermercado, que podem exigir pessoal especializado para selecionar, embalar e despachar os produtos adquiridos pela internet.
Com certeza, sim! Os números indicam que essa nova realidade não é passageira: as pessoas estão se habituando à comodidade de restabelecer a despensa sem sair de casa.
Mais do que crescer, o setor de alimentos e bebidas deve se transformar na principal categoria do e-commerce. O e-grocery está construindo novos caminhos para o comércio online.
É o que projeta o estudo feito pela consultoria Technopak, que se debruçou sobre o atual mercado indiano. Por lá, a expectativa é a de que o comércio online em torno dos alimentos, bebidas e eletrônicos seja impulsionado nos próximos cinco anos, atingindo 64 bilhões de dólares em vendas brutas.
Ainda de acordo com a Technopak, a abertura de novos canais para práticas omnichannel - oferecendo compras no online e retirada em pontos físicos - é a principal aposta dos varejistas de supermercados mundiais.
Além dos alimentos e bebidas, categorias como farmácia e bem-estar também devem contribuir para o crescimento do e-commerce nos próximos anos.
O e-commerce brasileiro cresceu 27% em 2021, conforme o relatório Webshoppers 45ª edição, publicado pela NIQ Ebit. A categoria de Alimentos e Bebidas se destacou e ganhou ainda mais importância: crescimento de 107% em pedidos em relação a 2020.
Nas categorias de produtos de giro rápido (FMCG, Fast-moving consumer goods), os números também impressionam, conforme a NIQ Ebit. Na cesta de Alimentos, o GMV (volume bruto de mercadoria) cresceu 25% em relação ao ano passado; o número de pedidos saltou 116,2%. Já na cesta de Bebidas, variação positiva de 36,5% em GMV e de 90.5% em número de pedidos.
O relatório Webshoppers da NIQ Ebit também revelou novos dados sobre o delivery. Em resumo, o número de compradores aumentou em aplicativos de delivery de supermercado e farmácia. Para a maioria dos entrevistados na pesquisa, praticidade e preços especiais são os principais motivadores. Entre as promoções preferidas, Frete Grátis (82%) e Cupons de Desconto (67%) são os mais desejados.
Diante desse contexto, há uma enorme disputa entre players tradicionais (como o Carrefour) e aplicativos de entrega (tais como iFood, Rappi e James) para abocanhar essa parcela do e-commerce e atender à crescente demanda.
Além disso, a Uber resolveu mudar: o app de delivery Uber Eats passou a focar em itens de mercado a partir de março de 2022, deixando de entregar refeições de restaurantes. O objetivo é concentrar os serviços de delivery em supermercados, floriculturas, pet shops, lojas de bebidas, entre outras, em conjunto com o app Cornershop.
Em outras palavras, existe uma busca para descobrir quem será a Amazon brasileira dentro do e-commerce - como ocorre nos EUA com a empresa fundada por Jeff Bezos, líder do segmento.
Por aqui não há indicativos, neste momento, de uma hegemonia no segmento. Portanto, enquanto o mercado é repartido entre as diversas concorrências e soluções existentes, é hora de fidelizar clientes.
Conteúdo atualizado no dia 29 de março de 2022.